segunda-feira, 23 de julho de 2007




Da música para a história

Tornar-se um músico famoso é sonho de muitos adolescentes. Chegar ao topo das paradas musicais é privilégio de poucos. O caminho para sair do anonimato requer persistência. E isso não faltou a Kurt Cobain, ex-líder da banda ‘Nirvana’. A vida do vocalista da banda de rock mais consagrada dos anos 90 está retratada na biografia ‘Mais pesado que o céu’, escrita pelo jornalista Charles Cross. O livro, lançado no Brasil em 2002, é fruto de mais de 400 entrevistas com pessoas ligadas a Cobain.

O céu estava chuvoso em Aberdeen – EUA, no dia 20 de fevereiro de 1967, data de nascimento de Kurt Donald Cobain. O tempo nebuloso talvez premeditasse a infância difícil de Kurt. Após a separação dos pais, Don e Wendy, Kurt Cobain morou em diversos lugares diferentes. Por vezes, teve que dormir dentro de carros de seus amigos. Usava o horário de expediente no ‘resort’, onde trabalhou por pouco tempo, para dormir algumas horas. Mas segundo a apuração do escritor, não chegou a dormir debaixo de uma ponte, fato mencionado por Kurt em algumas das inúmeras entrevistas concedidas durante sua vida.

O vasto material analisado pelo autor do livro (ele inclusive teve acesso a 28 diários do cantor) possibilitou que a história de Kurt Cobain fosse contada detalhadamente. O autodesprezo era um traço marcante de Kurt. Foi preso algumas vezes por pequenos delitos. Não era um aluno exemplar, odiava matemática, mas sempre se destacava em artes. Talento ele tinha de sobra e a vontade de ascender na vida musical era uma constante em sua vida. Sempre pensava em ensaiar, para aprimorar sua técnica como guitarrista.

Antes da fama, consolidar-se como músico não foi nada fácil. A primeira banda de Kurt Cobain, ‘Fecal Matter’ (Matéria Fecal) não chegou a fazer nenhuma apresentação. A primeira aparição ao vivo, em março de 1987, foi finalizada sem nenhum aplauso do público. Diversas trocas de bateristas prejudicavam os projetos de Cobain, até que um dia conheceu Dave Grohl. E junto a Krist Noveselic, seu amigo e parceiro musical, formaram o Nirvana, a banda que impulsionou o Grunge (movimento musical dos arredores da cidade de Seattle) para o conhecimento de todo o mundo.

Nesse tempo, o perseverante músico, que tanto almejava o sucesso, passara a odiar a fama. As drogas começavam a interferir mais na sua vida. Problemas estomacais provocados pela dependência em heroína faziam com que muitos shows fossem cancelados. O garoto pobre de Aberdeen agora tinha como financiar seu vício.

O capítulo final da vida de Kurt Cobain foi relatado em uma carta-suicídio. Em um dos trechos, escreveu: “Há muitos anos eu não tenho sentido a excitação de ouvir ou fazer música, bem como ao ler e escrever. Minha culpa por isso é indescritível em palavras”. A banda Nirvana não existe mais, mas até hoje vende muitos discos. Kurt saiu da vida para entrar na história.

Fernando Meneghetti

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Melhores Momentos de Glauco Pasa

O lance inicial de Glauco de Oliveira Pasa no jornalismo teve origem no gosto e na facilidade para escrita. Jaguariense, nascido em 3 de julho de 1971, o repórter da RBS TV nunca havia pensado em trabalhar em televisão antes de passar no Vestibular da UFSM, em 1990. Três anos antes, ele veio para Santa Maria fazer cursinho. O pré-vestibular escolhido foi o Riachuelo, que se localizava próximo ao Edifício União, sua primeira residência na cidade, na Rua Silva Jardim, 1953, entre a Avenida Rio Branco e a Rua André Marques.

Uma palestra do Jornal do Almoço em Santa Maria foi determinante para dar um rumo à recém-iniciada carreira de Glauco. A RBS TV queria contratar novos apresentadores. Glauco foi à emissora acompanhar um colega de faculdade interessado em uma vaga, mas considerava “fora de cogitação” participar da seletiva. Mesmo despreparado, ele foi persuadido a realizar o teste. Trocou sua camiseta por uma camisa branca e uma gravata de crochê, emprestadas pelo colega. Glauco teve mais sorte que seu amigo e foi aprovado. Começaram aí as dificuldades em conciliar o trabalho e a faculdade.

Aula de manhã, trabalho ao meio-dia. Aula à tarde, trabalho à noite. Os trajetos do campus à emissora eram feitos de moto, com qualquer condição de tempo. “Muito banho de chuva eu tomei, muita aula eu assisti molhado. Eu não tinha roupa de motoqueiro nem nada, ia no peito e na coragem”. E assim ele se formou. Seis anos após ingressar na faculdade (o Curso de Jornalismo tem duração normal de quatro anos) e com quase seis anos de experiência na maior emissora regional de TV da América Latina.

Convidado para trabalhar no SBT em 1997, aceitou a proposta para ir morar no Paraná. Foram cerca de cinco meses nas funções de editor, repórter e apresentador, mas longe do esporte. Incompatibilidade com a cidade, consenso com a família e a possibilidade de voltar a sua editoria preferida o levaram a aceitar um convite da RBS TV Porto Alegre. Segundo Glauco, o jornalismo esportivo é uma área que possibilita a diversificação da linguagem. “Eu não gosto do ‘quadrado’, da coisa sempre do mesmo estilo. Eu tento fazer por vias diferentes, usar da criatividade. Alguma coisa que faça com que eu seja lembrado pela criatividade”.

Mundial de Clubes FIFA 2006, Yokohama, Japão. Esta foi a cobertura em que Glauco Pasa mais se envolveu como jornalista. Foram duas semanas intensas, difíceis em termos físicos. “Respirava a partir das 6h aquilo (o Mundial de Clubes) e ia dormir às 4h do outro dia com aquilo na cabeça”. O material era transmitido via internet tanto para a RBS quanto para a Rede Globo.

Prestes a completar 17 anos de profissão, Glauco ainda não se sente realizado com o jornalismo. Esse objetivo, para ele, é muito distante, difícil de ser alcançado. O caminho até lá inclui sete horas diárias na redação e em reportagens de campo e apenas um dia de folga, geralmente aos sábados. Como recompensa, um Prêmio ARI (Associação Riograndense de Imprensa) na estante, com a reportagem “A Luta pela Vida”.

A carreira de Glauco Pasa está longe de ter um lance final. Quase sem tempo, ele vem pouco a Santa Maria. Apenas acompanha a cidade de longe, torcendo para voltar a cobrir jogos do Inter-SM na Série A do Campeonato Gaúcho de Futebol. Assim ele iniciou sua carreira na RBS TV Santa Maria. E como ele pretende segui-la? Sem ser confundido com ninguém, e conhecido apenas como Glauco Pasa.


Texto:
Fernando Meneghetti
Tiago Medeiros